sexta-feira, 18 de julho de 2008

Saudades demais...


"Pai, pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos, pai e filho talvez
Pai, pode ser que daí você sinta, qualquer coisa entre esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz....
Pai, pode crer, eu tô bem eu vou indo, tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer...
Pai, eu não faço questão de ser tudo, só não quero e nao vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você
Pai, senta aqui que o jantar tá na mesa, fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida, onde a vida só paga pra ver
Pai, me perdoa essa insegurança, é que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo, nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu
Pai, eu cresci e não houve outro jeito, quero só reencostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa e brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Pai, você foi meu herói meu bandido, hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho, você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz"

Pai - Fábio Jr.

sábado, 12 de julho de 2008

Teoria da conspiração

Por que os computadores acham que possuem vida própria? Você pede para colar uma frase, ele cola o texto inteiro... você seleciona uma música, porém ele toca outra. Acredito que deve imaginar que seu gosto musical é melhor...
Às vezes, tenho vontade de quebrar o computador...você já sentiu uma vontade quase incontrolável de pegar o monitor e jogá-lo bem longe?
Eu já...vária vezes...porém como eu disse: vontade quase incontrolável!
Acredito que façam isso porque sabem da necessidade que tenho, porque o que seria de mim sem ele?
Os amates dos pcs, esses que fazem ciências da computação e afins, alegam que o defeito está entre a cadeira e o pc...porém eu discordo e defendo a idéia de que posseum vontade própria e pretendem dominar o mundo!
Quantas vezes se desligam sozinhos, quantas vezes copiam documentos que consideram importantes e não os que EU considero.
Quantos arquivos desconhecidos você já encontrou em seu pc? Não me refiro a vírus...
São mulitplicações internas, arquivos desconhecidos que ven do nada e vão para em lugar nenhum. Tipo Mestre dos Magos: quando você menos espera ele aparece, mas quando procura já sumiu.
Agora, o que é pior são as mensagem de erro que enviam, mensagens que ninguém sabem dizer o que é, nem mesmo os amantes do pc...na verdade esses tentam inventar uma desculpa qualquer para justificar, porém no fundo nem eles sabem o que significa. Quando aparece aquele quadradinho na tela dizendo que a operação foi anulada, a veia da cabeça até lateja de ódio, a operação foi anulada por qual motivo? Com que poder anularam a operação? Com que autoridade decidiram anular a operação?
Hoje, por exemplo, é um dia no qual quero destuir esse pc, enquanto escrevo sobre essas máquinas possuídas, elas decidem por conta própria se vão ou não fazer download da música que escolhi. Talvez acreditem que é melhor colocar El Kilo - Orishas, ao invés de Comptine D'un Autre Ét: L'après Midi - Amélie Poulan no meu álbum. Não que eu não gote de Orishas, muito pelo contrário, eu adoro, porém no momento eu quero é Amélie...
Novamento tenho vontade de agredí-lo, quanto vontade fico, mais raiva ele faz...com isso ocorre o fenômeno chamado transferência...tranfiro a minha impaciência para os amantes e defensores de pc!
Acredito que nos fazem isso, para que fiquemos fatigados e quando estivermos no ápice da derrota, possam executem o plano de domição!
Sim, eu assumo, faço uso do computador por que é um instrumento necessário, assumo também, que ficar uma semana sem eles é algo torturante...mas já aviso, teoria da conspiração, se deixarem eles dominarão o mundo...depois dos gatos, é claro!

sábado, 5 de julho de 2008

Flush




"A Senhora Browning estava deitada, lendo, no sofá. Tirou os olhos do livro, assustada, quando ele entrou. Não, não era um espírito - era Flush. Ela riu. Então, quando ele pulou no sofá e aproximou seu rosto do dela, as palavras de seu próprio poema vieram à sua mente:

Veja este cão.
Foi apenas ontem
Eu meditava esquecida de sua presença aqui
Até que um pensamento sobre o outro fez cair uma lágrima sobre a outra
Quando do travesseiro, onde eu repousava com as bochechas úmidas,
Uma cabeça tão peluda quanto a de um Fauno abriu seu caminho
Direta e repentinamente até o meu rosto - dois grandes olhos
Dourado-claros maravilharam os meus - , uma orelha pendente
Bateu em cada uma de minhas bochechas para secar as lágrimas!
Primeiro, assustei-me, como um Arcadiano,
Assombrado pelo deus caprino no bosque ao crepúsculo;
Mas, à medida que a presença barbada chegava mais perto
Minhas lágrimas secas, eu reconheci Flush, e levantei-me acima da
Surpresa e da tristeza - agradecendo ao verdadeiro Pã
Quem, por meio de pequenas criaturas, conduz às alturas do amor.

Ela escrevera aquele poema um dia, anos atrás, em Wimpole Street, quando estava muito triste. Agora estava feliz. Estava ficando velha agora, assim como Flush. Debruçou-se sobre ele por um instante. O rosto dela, com a boca aberta, os olhos grandes e os cachos pesados, ainda assemelhavam-se, estranhamente, ao dele. Completamente separados, entretanto feitos a partir do mesmo molde, cada um deles completava, talvez, o que era latente no outro. Mas ela era uma mulher; ele, um cão. A Senhora Browning continuou a ler. Então olhou para Flush mais uma vez. Mas ele não olhou para ela. Uma mudança extraordinária abatera-se sobre ele. "Flush", gritou. Mas ele estava em silêncio. Ele estivera vivo; agora estava morto.
E foi tudo. A mesinha de centro da sala de estar, de um modo muito estranho, permaneceu absolutamente imóvel."

Flush - Memórias de um cão (Virginia Woolf)

.:Felicidade se acha em horinhas de descuido...:.

.:Felicidade se acha em horinhas de descuido...:.